A LINGUAGEM NA ESCRITURAÇÃO RACIONAL
(Danusa Paulino Souto)
PORTUGUÊS RACIONAL
Quase sempre a gente se depara com leigos no assunto dos livros Universo em Desencanto, fazendo certo desdém ou desprezo pela forma como a Escrituração Racional aborda a nossa linguagem para transmitir seu Conhecimento porque não conhecem o real significado da linguagem dos livros Universo em Desencanto.
Em primeiro lugar, se estivessem realmente ligados para as teorias de nossa linguagem, saberiam atentar para o preconceito linguístico que existem ao nosso redor. E só para provar um pouco do que é este preconceito, antes de comentar sobre a linguagem dos livros Universo em Dsencanto, gostaria primeiro de comentar sobre um livro de um grande linguista e estudioso da gramática portuguesa, chamado Marcos Bagno, com o seu célebre livro “O preconceito linguístico” (Ed. Loyola, 2011).
O preconceito, seja ele de que natureza for, é uma crença pessoal, uma postura individual diante do outro. Qualquer pessoa pode achar que um modo de falar ou modo de escrever é mais bonito, mais feio, mais elegante, mais rude do que outro.
Para analisar como se constrói o preconceito linguístico, Bagno relaciona oito mitos que revelam o comportamento preconceituoso de certos segmentos letrados da sociedade frente às variantes no uso da língua, e as relações desse comportamento com a manutenção do poder das elites e opressão das classes sociais menos favorecidas, normalmente por meio da padronização imposta pela norma culta.
Não cabe aqui de prontidão comentar todas, mas só para citá-las e estarmos ciente:
Mito n° 1: “O português do Brasil apresenta uma unidade surpreendente” (o que não é verdade, no Brasil existe uma variedade de sotaques e significado na língua).
Mito n°2: “O brasileiro não sabe português/ Só em Portugal se fala bem português.
Mito n°3: “Português é muito difícil”
Mito n°4: “As pessoas sem instrução falam tudo errado”.
Mito n°5 “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”
Mito n°6 “O certo é falar assim porque se escreve assim”
Mito n°7: “É preciso saber gramática para falar e escrever bem”
Mito n°8: “O domínio da norma-padrão é um instrumento de ascensão social”
Em relação à linguagem dos livros Universo em Desencanto pelos leigos ou iniciantes, é mais adequado as observações dos mitos 6, 7 e 8, uma vez que recentemente eu me deparei com um blog chamado “Arapucas Libertárias” de um tal José Geraldo Gouvêa que dizia assim: “mostra indícios claros de ser o produto tortuoso da mente nublada de um semianalfabeto, imbuído de uma série de preconceitos derivados de sua formação religiosa, que resolveu desenvolver seu próprio sistema místico”
De acordo com Bagno, o mito 6 cai logo por terra porque em nenhuma língua do mundo, fala e escrita se equivalem. A escrita surgiu como uma tentativa de representação da fala; o 7 é facilmente desmistificado, pois, se é preciso saber gramática para falar e principalmente escrever bem, nossos grandes escritores teriam seus rótulos de “imortais” cassados por inabilidade gramatical, já que muitos desses declararam desconhecer o âmago das regras e exceções gramaticais;
O mito 8: se essa ideia de fato fosse verdadeira, os professores de língua portuguesa estariam no topo da pirâmide social. Pois, quem além deles tem relação tão íntima com o idioma? Por outro lado, a falta de domínio da norma-padrão não é fator condenatório à exclusão social. Trabalhadores aquém dessa variedade linguística, também, podem ascender socialmente.
Como já foi dito por outros colegas estudantes de Cultura Racional, se estudarmos os mestres linguísticos, principalmente Ferdinand Saussurre, vamos observar que a língua está sob égide da psicologia e que revela os aspectos psicológicos antilógicos e exerce uma enorme influência sobre o aparelho receptor.
Este trabalho pretende tão somente ressaltar alguns aspectos do mecanismo da fala, pouco observados no uso da nossa língua e, a partir daí, passar a considerar melhor o valor do estilo do Livro UNIVERSO EM DESENCANTO, que, inadvertidamente, deixamos de lado ao emitirmos nossa opinião sobre o aspecto formal da Obra de CULTURA RACIONAL. Muitas vezes o estilo e a linguagem Racional fogem ao domínio do estudo literário e da gramática normativa, e isto confunde a quem só conhece dentro desse campo até os limites dos conhecimentos linguísticos e gramaticais.
Como explanou bem uma vez uma colega estudante de Cultura Racional, que a linguagem e a narração dos livros Universo em Desencanto não são muito comuns, o autor não é linear.
Ele começa um determinado assunto, mais alguns parágrafos à frente ele muda a narração para voltar e continuar em trechos posteriores. Ele também repete bastante determinadas palavras, como resina, goma, planície, etc.
Além disso são dados novos sentidos a algumas palavras, expandindo os conceitos e, muitas vezes, usando termos, aparentemente toscos como “bicho racional, monstrinhos, monstrões, monstrondontes, selvagens”, para dar respostas a questionamentos tão profundos, como a origem da vida e do universo.
Algumas pessoas, ao se depararem com isso, julgam o Universo em Desencanto como literatura da pior qualidade. Aliás, nem o consideram como literatura. Na verdade, isso está correto em um ponto. O livro Universo em Desencanto não é literatura. Ele possui um objetivo muito maior que entreter e apresentar ideias.
A intenção desses livros é a de servir como ferramenta de ligação entre o nosso EU Verdadeiro com o Cosmo e a Natureza. Através dessa aparente “dislexia narrativa”, a nossa glândula pineal é estimulada, melhorando aspectos da nossa personalidade intelectual e emocional. É o que o Racional Superior chama de “desenvolver o raciocínio” (ou Glândula Pineal).
Que se tudo é energia transformada em toda a natureza e em todos os seres, as palavras também são energias transformadas em palavras. Tanto é, que se alguém nos ofende em palavras, sentimos em nosso eu essas ofensas; se forem palavras agradáveis, alegres ou elogios, da mesma forma, sentimos esses mesmos sentimentos.
E o Conhecimento de Cultura Racional por ser do Mundo que deu causa a esse, que é o Mundo Racional, é Energia Racional transformadas em palavras.
A leitura dos livros possui uma linguagem muito simples, por mais das vezes tosca, ou bruta na visão dos que se dizem intelectuais, porque o objetivo do autor dos livros era que fosse entendido por todos sem nenhuma distinção de classe social, seja ele intelectual ou semianalfabeto.
Aparentemente é repetida, para sentir o que leu, pois, de tão repetido que dizem que é, a maioria quando acaba de ler, se perguntada, não sabe esclarecer o que leu, e é só fazer um teste, porque para que fique bem gravado no sentimento, dentro do seu grande íntimo, que é o seu “Eu”, demanda persistência, obediência e paciência, tudo naturalmente e semelhante quando fazem cursos para se formar em algo.
Essas repetições para um estudante de Cultura Racional é como um exercício diário destes três termos que falei, para despertar a individualidade que se achava perdida que é o desenvolvimento do Raciocínio ou como é chamado pela ciência, Glândula Pineal.
Me recordo que Mahatma Gandhi disse que “A verdade é dura como o diamante e delicada como a flor do pessegueiro”, ele estava certo: a Verdade das verdades choca, é impressionante, então é preciso vir em dose mínimas, em doses homeopáticas, pois os seres humanos têm capacidades e sentimentos muitos diferentes um dos outros.
Muitas das vezes, é por isso que muitos julgam a Obra do Universo em Desencanto uma coisa só, mesmo sendo extensa. As repetições podem servir para uns e para outros não, porque cada qual tem suas interpretações devido às várias personalidades que temos.
E por fim, umas das grandes dádivas da Escrituração Racional é o que chamamos de “entrelinhas” do Conhecimento Racional, que alguns literatos chamam de “simbolizado não material de uma linguagem”, aquilo que não está explicado explicitamente, mas que são esclarecimentos profundos e elevados; e que o tempo de percepção depende do desenvolvimento de cada Ser, do amadurecimento de cada Ser.
Uns percebem rápido, outros demoram mais, outros impacientes nem percebem, e largam a leitura e os estudos de lado. Na maior parte das vezes, leem um livro e já acham que tiveram conclusão para dar pra Obra toda. Mas é isso aí, a paciência é irmã gêmea da Consciência positiva, a Consciência Racional.
(https://nalub7.wordpress.com/2016/01/07/a-linguagem-na-escrituracao-racional/)