"... descompreendido de si mesmo, atacando a sangue frio as coisas naturais, as obras da natureza, como coisa que soubesse o que faz. Ora, a natureza tem vida é dá vida, e por ela ter vida, sente as ingratidões como qualquer outro ser a que ela dá a vida, alimenta e sente. O ser animal tem uma compreensão tão estúpida, que só pensa em ser ele o único que tem sentimento, e por pensar assim comete as maiores monstruosidades que redundam no estrangulamento de si mesmo.
Julgam, pensam que a natureza é um joguete e as obras da natureza estão aí para que eles façam o que entendem. Então, a natureza vendo que está criando monstros, um centro de perdidos que se põem a perder por não reconhecerem a sua superioridade, o seu sentimento é o seu poderio diante do ser racional, se revolta contra os animais livreses pensadores que fazem confusões com o desenvolvimento do pensamento, com o raciocínio que julgam em si não existe.
Fica a natureza completamente revoltada com os seus habitantes, com os seus monstros, e por isso vejam os terremotos, os furacões, os tufões, as tempestades desoladora, os vendavais arrasadores, as faíscas elétricas mortíferas, epidemias devastadoras, frio de matar, calor de matar e outras coisas mais que são a desgraça do mundo. Vive assim o ser animal aí na Terra somente para sofrer; sofrem os grandes, os pequenos, os ricos e os pobres; uns mais; outros demais e outros que não resistem mais.
E a natureza revoltada contra os monstros que não querem lhe corresponder, nem fazer por compreendê-la, e por isso, todos no mundo de mal a pior, vendo as confusões de todos os tamanhos e de todos os preços. Tudo num caos de misérias, por os homens quererem ser superiores à natureza e as coisas naturais. Entupidos de uma tal forma que nem sabiam de onde vieram nem para onde vão, como agora estão sabendo. Enjaulados nesse panteon de misérias, intoxicados, dominados, comprados e vendidos, num mundo onde as Ilusões e os artifícios multiplicam os enfermos para os hospícios."
20° da Obra
Universo em Desencanto