Está na vegetação, portanto, um poderio incalculável, mas o ser animal, por ser animal, é descompreendido de si mesmo, e pela grande desregulagem do pensamento não chega a compreender o seu valor. Se o ser animal tivesse reconhecimento do seu valor, compreenderia que ele não é nenhum, e, por isso, vive como um bicho bravio, descompreendido de si mesmo, atacando a sangue frio as coisas naturais, as obras da natureza, como coisa que soubesse o que faz. Ora, a natureza tem vida e dá vida, e por ela ter vida, sente as ingratidões como qualquer outro ser a que ela dá vida, alimenta e sente. O ser animal tem uma compreensão tão estúpida, que só pensa em ser ele o único que tem sentimento, e por pensar assim comete as maiores monstruosidades que redundam no estrangulamento de si mesmo.
Julgam, pensam que a natureza é um joguete e que as obras da natureza estão aí para que eles façam o que entendem. Então, a natureza vendo que está criando monstro, um centro de perdidos que se põem a perder por não reconhecerem a sua superioridade, o seu sentimento e o seu poderio diante do ser racional, se revolta contra os animais livres pensadores que fazem confusões com o desenvolvimento do pensamento, com o raciocínio que julgam ter e que em si não existe.
Fica natureza completamente revoltada com seus habitantes, com os seus monstros, e por isso vejam os terremotos, os furacões, os tufões, as tempestades desoladoras, os vendavais arrasadores, as faíscas elétricas mortíferas, epidemias devastadoras, frio de matar, calor de matar e outras coisas mais que são a desgraça do mundo. Vive assim o ser animal aí na Terra somente para sofrer; sofrem os grandes, os pequenos, os ricos e os pobres; uns mais; outros demais e, outros que não resistem mais.
E a natureza revoltada contra os monstros que não querem lhe corresponder, nem fazer por compreende-la, e por isso, todos no mundo de mal a pior, vendo as confusões de todos os tamanhos e de todos os preços. Tudo num caos de misérias, por os homens quererem ser mais do que aquilo que não podem ser, por quererem ser superiores à natureza e às coisas naturais. Entupidos de uma tal forma que nem sabiam de onde vieram nem para onde vão, como agora estão sabendo. Enjaulados nesse panteon de misérias, intoxicados, dominados, comprados e vendidos, num mundo onde ilusões e os artifícios multiplicam os enfermos para o hospício.
(pág.297, Amarelão, Livro UNIVERSO EM DESENCANTO, autor: RACIONAL SUPERIOR)